quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Extremo eu


Eu vivo de extremos

No limite

Do ódio

Do amor.

Eu persigo

Faminta

Lobo selvagem

O nunca e o sempre

E por isso

Acabo prisioneira

Do meio

Do quase

De tudo aquilo

Que tenho pavor...





domingo, 5 de fevereiro de 2012

O Violeiro


Ao escrever este texto, inicialmente pensei em trocar o violão por uma gaita, o homem por uma mulher... A intenção era que o texto ficasse menos fiel ao fato e assim não fosse identificável o outro protagonista. Minha preocupação era que algum dia o violeiro que tanto admiro lesse esse texto e se sentisse de alguma maneira diminuído. Depois, pensando melhor, vi o quanto estava sendo petulante. Como posso eu, imaginar que um homem como aquele, iria se lembrar da garota que um dia teve a honra de acompanhar seu show, feito para milhares de pessoas, mas que teve apenas uma na platéia... E caso um dia ele leia, e caso lembre-se, certamente vai pensar: “Coitada, ela é só uma garota, não sabe o que é arte, não sabe o que diz.” Ou talvez pior que isso, ele pense: “Coitada. A garota já é adulta. Não há mais nada a se fazer.” Convicta disso, e liberta – ainda que por uma triste realidade, divido com vocês o relato de uma tarde de sábado - fevereiro de 2010. Pode parecer crônica, poesia... Mas é apenas o diário daquele dia real que me permitiu esse encontro inspirador por si só. Dia desses, conheci um homem e um menino. Uma pessoa só. Ele aparentava seus 50 anos, enquanto me sorria, escolhia guloseimas como se faz um garoto. Depois de comer os doces, ele fuma uns dois cigarros seguidos. Andava de uma maneira desengonçada para um homem daquela idade, mas perfeitamente corriqueira para um menino de oito ou nove anos voltando da escola; passos curtos, quase saltitantes, corpo pêndulo com o peso da mochila. Tinha marcas nas mãos e nos braços, algumas recentes. Não me apeteceu perguntar do que se tratavam. A roupa era encardida, para não dizer suja. Os dentes todos estourados, para não dizer podres. Carregava consigo um violão, surrado, antigo, lascado. As cordas com sobras enormes nas tarraxas formavam caracóis, a madeira já era fosca, seca. Contou-me enaltecido que já havia sido reformado três vezes. Eu também carregava o meu. Um Eagle elétrico, parecendo até encerado, reluzente. Não senti orgulho, na verdade foi quase vergonha. Parecia que o meu não tinha história, paixão, cicatriz. Talvez fosse até verdade. Nos sentamos. Ele começou a tocar. Não tinha talento, mas acreditava ter. Tinha vontade, persistência. Perguntei-me quanto tempo teria levado para conseguir tocar a primeira música e se eu não teria desistido na metade do tempo. Mas o que ele tinha realmente não era vontade, tão pouco persistência. Era fé, fé nele mesmo. E a voz desafinada, o compasso por tantas vezes perdido era bonito de se ver e de se ouvir. Fiquei ali, em silêncio, acompanhando timidamente apenas com o batuque das mãos em minhas pernas. Ora ele me olhava, e suspendendo as sobrancelhas, como quem pedia que eu o acompanhasse, não por insegurança, mas por querer mais firulas no seu show. Então nos refrões lá estava eu, como suporte vocal – ao fundo, claro. Ele começa a tocar uma música antiga, eu cantarolo baixinho tentando acompanhar o sucesso dos anos 80 em uma roupagem nova, de ritmo desconhecido que, acredito, fazia parte do show. De repente ele cessa a voz e o instrumento, e como se aquilo fosse algo extraordinário, exclama: “Mas essa música não é do seu tempo menina!”. Eu apenas sorrio um daqueles sorrisos em que não se mostram os dentes e peço que continue, digo que gosto muito daquela música. Ele a toca como se eu fosse uma platéia de cem mil. Sinto-me lisonjeada. Ao fim, elogio, e digo que gostaria de tocar como ele. Depois percebi que o que eu disse era na verdade, verdade. Confirmando o que eu já sabia e que escrevi a pouco, sobre a crença, ele me responde em tom singelo, porém confiante: “Basta você treinar. Eu toco há muitos anos, talvez tanto quanto você tenha de idade. Se você treinar, um dia vai tocar como eu sim.”. As pessoas passavam apressadas, e por não ser habitual ao local - duas pessoas sentadas no chão, tocando violão e batucando as coxas - a cena como um todo despertava curiosidade. Uma menininha passa quase arrastada pela (suponho) mãe, me olha nos olhos, sorri. E enquanto tenta acompanhar os passos que são o dobro dos seus a garota vira a cabeça para continuar me olhando até se perder em meio as outras pessoas, arrastada pela mulher que a puxa na tentativa vã de fazer de suas perninhas maiores do que são. Penso o que estaria ela imaginando ao me olhar... Eu apenas me lembrei do quanto era bom ser criança. A noite começa a cair, é hora de voltar para casa. Abraço apertado aquele homem quase imundo, tão limpo, tão puro. Ele se vai, saltitante, sorrindo, de encontro à vida. Como se o mundo o estivesse esperando, como se o mundo fosse o melhor lugar do mundo – dele. Eu também me vou, vou embora pensando que aquele homem estava enganado, e lamento por ter essa certeza. Infelizmente eu jamais tocaria como ele. Lamentavelmente eu não tenho a mesma paixão pela vida, a mesma fé no mundo, nem em mim...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Meu Grande Pequeno

Então tudo isso não passou de uma grande mentira. Foi tudo uma grande encenação. O coração, os ossos, as vísceras, a pele e até o amor e, agora o ódio que te dei, foi tudo em vão? Todas aquelas palavras, embrulhadas em lascívia, em amor, em espinho e em dor, eram só palavras? E o que não foi dito, o que nunca foi pronunciado? Seus olhos também mentiram todo esse pouco e intenso tempo? E agora o que eu faço com esse sentimento que eu não sei o nome? Jogo fora, reciclo, dou para os pobres, dou para outro? Ou guardo em uma caixa e coloco no fundo do armário ou debaixo da cama, como fazemos com aquelas coisas que não nos servem para nada, mas ainda assim não temos coragem de jogar fora. E os nossos pequenos planos, as férias, o armário na cozinha, o filme que eu não assisti? E agora quem vai bagunçar toda a casa, ou ligar a televisão quando eu quiser ler? Quem vai atrapalhar os meus planos diários de dormir antes das duas da manhã? Me diz o que eu vou fazer com esses vinis dos Beatles que não tem serventia nenhuma para mim além de te fazer feliz? Devo colocá-los também embaixo da cama? Enfim é chegada a hora de admitir que nunca e sempre foi só o que foi. Já não posso mais doar amor para apenas um, terei agora - a contra gosto – que entregar a razão a todos, todos os que me diziam que isso não passava de ilusão e que no fim eu sairia machucada. Terei que sucumbir ao engano e, pior: terei a árdua tarefa de convencer esse coração ingênuo e teimoso de que eles afinal sempre estiveram certos. E quando finalmente ele se convencer, ou apenas cansar-se de controverter, terei que dar colo ao meu pequeno, afagá-lo em meio ao seu pranto e mais uma vez convencê-lo de que a culpa não é dele, e que isso tudo logo vai passar. E agora meu pequeno coração me olha com temor, perguntando em silêncio se eu deixei de acreditar. No amor? Não se preocupe meu pequeno, no amor eu acredito.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Aspas: curtas, desnudas, profundas.... Palavras lançadas, encontradas aqui, perdidas dentro de mim...


Pensamentos vagos, curtos, largos... Meus... Devaneios, verdades contraditórias. mais um de meus mil e um pedaços...


“Vivo intensamente todas as minhas emoções. Acusam-me de ser demasiada passional, dizem que sofro demais... Realmente. Sofro bem mais que os outros. E acho um preço justo a ser pago por quem tem o privilégio de desfrutar também em totalidade da alegria, quando essa lhe bate a porta.”
"De todos os erros que já cometi, só me arrependo daqueles que não compensaram o deslize."
“Aquele que for capaz de renunciar um desejo, verdadeiramente sente apenas uma medíocre vontade. “
"Se soubermos relevar, renascer, sem ódios, sem rancores, teremos certeza de que não foi agreste a nossa aposta. Muitas vezes é deixando as bagagens pela estrada que tornamos nossa caminha mais leve. As vezes é preciso aprender a abandonar, perder, para então ganhar."
“O mais difícil na convivência humana, é que muitas vezes não estamos dispostos a nos calar, e menos dispostos ainda estão os outros a nos ouvir – ainda mais quando se tratam de verdades.”
“A convivência com semelhantes é demasiadamente tediosa. Tem que haver diferenças, mas na medida que despertem admiração e até mesmo espanto, jamais a perigosa fúria ou a humilhante piedade.”
“A sabedoria plena consiste em subir infinitos degraus. Os dois primeiros que almejo são os degraus do silêncio e o da prudência. O do silêncio para resguardar os sentimentos e pensamentos que não pretendo (ainda que por hora) compartilhar com terceiros. E o da prudência para transformar o desconhecido em (quase) previsível e as ações em atitudes ao invés de rompantes. Quando me vejo tão distante de alcançar esses degraus, o que me consola em minha tolice emocional, é a convicção de que posso não ter (de fato) começado a percorrer essa vereda rumo a sabedoria, mas reconheço-a. E as mudanças são estabelecidas basicamente em três etapas: reconhecimento de sua necessidade, desejo de transformação e ação. Visto isso, só me falta o terceiro (e mais difícil) passo.”
Bárbara Romanelli

domingo, 27 de dezembro de 2009

2010! E continua a busca pela felicidade plena...

2010!E continua a busca pela felidade plena...


Natal, ano novo... São apenas datas comemorativas estipuladas com interesses comercias. Mas quem idealizou essa maneira de “fatiar” o tempo, de dividir a nossa breve existência terrena em etapas, de nos permitir encerrar ciclos desgastados e começar de novo como se fosse o início, teve uma idéia realmente genial. Podemos nos permitir renovar a esperança que já estava consumida... É o momento de nos abrimos para nós mesmos, absorvidos por esse espírito de renovação. É a oportunidade de fazer uma auto-avaliação e pesar o que temos feito por nós e pelo mundo em que vivemos. É a chance de rever princípios, reconhecer erros, enterrar alguns pecados, superar alguns fracassos e recomeçar (sem nos esquecermos das lições que aprendemos nos caminhos já trilhados...). Podemos nos reinventar, transmutar... Diferentes, multifacetados, mas ainda assim, nós mesmos. Devemos também agradecer as conquistas, comemorar os objetivos alcançados, sentir saudades do tempo bom que passou... Sem nos fecharmos para o tempo ainda melhor que está por vir. Vamos aprender a nos perdoar, perdoar os que nos feriram. Perdoar não significa esquecer. Significa entender. Entender que nossa natureza é falha e que somos todos diferentes. E que são justamente essas diferenças que fazem com que as relações sejam tão intrigantes e surpreendentes. Vamos parar de negar nossas sombras. Todos nós as temos, e é preciso aceitá-las para viver plenamente a nossa luz. 2009 foi um ano cheio de alegrias, vitórias e transformações. Mas também de batalhas, desilusões e perdas. 2010 também será um emaranhado de tudo isso que já conhecemos, mas com um sabor singular de incógnito, de desconhecido. É como viajar para o mesmo lugar todos os anos, mas sempre por caminhos diferentes. Nós vamos arriscar, vamos hesitar, vamos nos precipitar. Vão nos magoar e vamos magoar os outros (ainda que sem querer). Vamos esquecer do que passou, vamos nos lembrar de quem já passou. Vamos resgatar algumas pessoas, vamos dar adeus a outras. Vamos ver a vida transformar paixão em amizade, amor em saudade... Vamos perder oportunidades, vamos nos dar mais uma chance. Vamos decidir tentar, vamos ter coragem de mudar, ou vamos nos acovardar e permanecer onde não queremos estar. Vamos adiar reencontros até chegar a hora certa, vamos falar na hora errada. Vamos desejar que o tempo pare e que o tempo passe... É isso. Não podemos controlar o tempo, sentimentos, momentos, pensamentos... Por mais que alguns pensem que podem. Inocentes esses que não percebem a sutil diferença entre controlar e evitar. Você tem a opção de fugir e assim não enfrentar. Não vai se machucar tanto, nem sorrir tanto, nem viver tanto... É uma questão de escolha. É preciso ter consciência dessa realidade e agradecer por ser assim. Afinal se pudéssemos determinar os fatos, se tudo acontecesse exatamente como planejamos, se adivinhássemos o que se passa no desconhecido universo alheio, se entendêssemos plenamente nossa própria profundeza, se fossemos donos do tempo e da razão, a vida teria o sombrio encanto de nascermos já sabendo o dia em que iríamos partir. E nessa complexa e irônica matemática da vida, onde a cada dia a mais que vivemos, subtraímos um dos que ainda nos restam para viver, eu percebo o quanto tudo passa rápido demais para perdermos tempo nos culpando, resguardando, remoendo... A cada dia que subtraio dos que ainda me restam, tenho mais convicção de que a vida é muito mais do que podemos compreender e até mesmo imaginar, que tudo e todos são entrelaçados e que não podemos nos fechar para as necessidades dos outros seres (não apenas os humanos). Que todos temos uma missão que não pode ser ignorada a ponto de não nos compadecermos e dedicarmos ao menos uma parte de nossa energia para aqueles que muitas vezes não têm sequer forças para continuar, minados pela falta de dignidade e esperança, mas que nem por isso deixam de ser indivíduos dotados de alma, exatamente como nós. Não podemos ser austeros ao ponto de não darmos voz aqueles que não podem sequer falar para se defenderem. Refiro-me aos outros animais, que vivem subordinados a piedade (e tantas vezes a crueldade) humana. E devemos fazer isso sem visar satisfação pessoal, libertação espiritual, ou qualquer outra coisa do tipo. A vida é curta demais para não lutarmos por nossos sonhos, mas com consciência, afinal nossos desejos podem se tornar realidade. E em meio a tantos sonhos, conjecturas, incertezas e expectativas, pergunto-me sempre qual é a chave da realização plena, da felicidade incondicional... Posso estar errada, já que não existem certezas nem tão pouco verdades absolutas, mas acredito que o segredo está justamente na busca...
Bárbara Romanelli

Oceano

Fiquei um bom tempo sem publicar nada aqui... Abondonei um compromisso que fiz comigo mesma... Mas agora reafirmei esse compromisso e voltei. Peço desculpas aos que acompanhavam o blog por ter simplesmente desaparecido... Mas eu precisava me retirar para me reinventar...


OCEANO

Sou oceano, que recebe todos os rios e torrentes e ainda assim mantenho-me sereno, inabalável... Entretanto, divido contigo contra meu gosto, um segredo: também sou mar... Observa minhas ondas revoltas, emoção que dura o tempo de uma explosão... Permito-me por um segundo... Ah! Como eu queria ser simplesmente gente, pisar na areia, sentir pulsar o coração... Ter apenas lágrimas no lugar de ondas, que embora grandioso oceano não consigo controlar... Que desordenadas me levam ao rebento ainda que momentaneamente... E na controvérsia de minhas regras, entre o verso e o reverso de quem quero ser e quem realmente sou, no enigma complexo de tudo aquilo que há em mim, em minha incansável busca pela perfeição, nesse duelo que me leva a exaustão... Em meio aos meus segredos, conflitos e devaneios... Súbito desapareço, silencioso, resignado, mergulho mais uma vez profundo, refúgio do mar... Eu, novamente oceano frio e escuro... Indecifrável... Indefinível... Outra vez solitário porem novamente seguro.

Bárbara Romanelli

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Fragmentos Meus



Pensamentos e um poema da saudosa Florbela Espanca, que traduz muito bem um fragmento do que sou em minhas muitas e complexas facetas...

" (...) O meu mundo não é como o dos outros; quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta,atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades...sei lá de quê!"

Desejos Vãos

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o Mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras… essas… pisa-as toda a gente!…



Florbela Espanca

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Seu Caminho

Esse texto não é de minha autoria, e sim de uma pessoa muito querida e sensível. Meu amigo, Ricardo Araujo. Ele me enviou esse texto despretenciosamente em uma de nossas conversas no M.S.N. (Mal Socialmente Necessário, rsrs!) e achei tão oportuno e cabível ao que sinto neste momento que vou dividí-lo com vocês.



Seu Caminho


Quando as folhas caem no jardim
Anunciam o futuro que já chegou.
O tempo passa e nada é ruim
O céu ainda é cinza, mas a chuva já passou.

No fim da rua me encontro em silêncio
Perdido no mundo dos meus pensamentos.
A luz se apaga e o sol toca o chão,
O escuro clareia minha inspiração...

Quem nunca passou a noite em claro?
Pensando em um amanhã que já passou?
Já não entende que algo está errado.
Quero ficar só, e me encontrar em uma nova canção.


Ricardo Araujo

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Inspiração



Já não tenho tanta inspiração. Faz tempo que não me entrego as palavras. Mas eu precisava disso. Para aliviar meu coração. Dizem que os escritores se inspiram motivados por suas emoções. Sempre acreditei nisso. Até agora. Estou transbordada de sentimentos. Que vão do amor a dor, passando pela saudade... Motivada pela esperança, receosa com o futuro, conformada com o pouco... Sentimentos definitivamente não me faltam. Como poderia faltar emoção para alguém tão passional quanto eu? Talvez me falte inspiração por estar sendo consumida, esgotada pela incerteza. Quando vou aprender que não se pode ter certeza de nada? Ou melhor, quando vou aceitar? Com seu jeito prático e seguro de sempre, ele me pediu calma. Então, eu finjo ter paciência. E mesmo agora, em meio a madrugada vazia, onde tudo o que me falta é teu cheiro, teu sabor... Quando até o meu corpo me pede calma, minha alma não pára. Desassossega meus sentidos e faz dos segundos, horas sem fim. E o pensamento não consegue vagar, esquecer... Faço planos para nosso reencontro que se aproxima. Imagino cenas... Feho os meus olhos para ver os dele. Escrevo textos desqualificados... Invento, fantasio, sonho... E o que eu espero dele? Ora, o que esperam todos os corações inquietos: Amor. Somente amor.

sábado, 4 de outubro de 2008

O Anjo Mais Velho

Esse texto na verdade é uma música do grupo Teatro Mágico. Vale a pena ser ouvida, não só pela melodia, como pela delicadeza e originalidade... Aí está o link do clipe:


http://www.youtube.com/watch?v=0ofHYzVLrII&feature=related


Tomei a liberdade de fazer uma adaptação com pequenas alterações...





O ANJO MAIS VELHO



O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente
Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete
A cena se inverte
Enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditar
Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola e tua ausência fazendo silêncio em todo lugar
Metade de mim agora é assim
De um lado a poesia o verbo a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto...
Depende de como você vê o novo, o credo
A fé que você deposita em você e só
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você...




(Fernando Anitelli)

Adaptado por Bárbara Romanelli

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Amor Bandido



Amor bandido
Roubou-me inteira.
Sou refém dos meus próprios desejos.
O cativeiro é qualquer lugar.
As algemas estão cada vez mais apertadas.
Já cortam a carne.
Apareceu na penumbra...
Sorrateiro, seguro.
Sutil, mas firme.
Avassalador, intenso.
Insano, perturbador.
Único.
Um tiro certeiro.
Ele tem nome.
Tem vulgo.
Face, cheiro, sabor...
Ele sabe ser cruel, impiedoso.
Na verdade é só mais um solitário.
Incompreendido até por ele mesmo.
Prisioneiro das próprias escolhas.
Um homem que intimida.
Apenas um garoto.
Sempre armado.
Mesmo que seja o espírito.
Fez com que eu vestisse minha armadura.
Meu Deus! Como ela pesa!
E quem diria...
Nessa história, o bandido também virou refém.
Não pode fugir.
Não quer fugir...
E assim, nos tornamos parceiros.
Cúmplices...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Pé na Estrada


Pé na Estrada


Malas prontas e pé na estrada. Na bagagem uma muda de blusinhas e uma muda de arrependimentos. Roupas íntimas e meus segredos mais íntimos. Maquiagem para disfarçar minhas olheiras, e alguns sorrisos falsos para disfarçar minhas tristezas. Poucos vestidos e poucos medos. Nenhuma roupa de frio, sempre cálida, mesmo quando não quero ser. Minha passagem tinha horário de partida e de chegada, mas eu nem sabia se realmente queria partir e tão pouco onde iria chegar. Impresso no cartão de embarque constava à cidade de destino. Destino? Quem me dera saber o meu. Ainda não sei. Sempre atirada à sorte... Viajei para longe... Muito longe... Tão perto. De que adiantou tantos quilômetros, se eu fiquei lá. Meu coração perdeu aquele avião. Mas embarcou no horário seguinte e finalmente se juntou ao restante de mim. Sim, o resto de mim. Só ele já é mais do que realmente sou. E todo o resto é apenas resto. Tive medo que ele se recusasse a me acompanhar. Mas meu coração sabe que tenho razão, e que todas as vezes que fujo de mim, que fujo dele, é sempre para o nosso bem. Foi indescritível vê-lo chegando vagarosamente, sorrateiro... Mas eu já sabia que ele havia chegado, e que iria ficar. Agora já posso voltar. Já não preciso fugir de mim. Fugir de nada. Agora qualquer lugar é lugar. Porque estou inteira novamente. Livre!

Bárbara Romanelli

terça-feira, 4 de março de 2008

Meu Nada



Meu Nada


Esqueci-me de teu sabor.
De seu perfume não me recordo.
Não mais o amo.
Nem tão pouco o odeio.
Simplesmente nem o sinto.
Raramente lembro de ti.
São lembranças rápidas
Que passam em fuga.
Não me importa saber onde está.
Prefiro nem saber com quem.
Mas quero que saiba que você passou.
Que não penso mais em você ao me deitar.
Que não sinto sua falta.
Ora, ora!
Quão pueril ainda posso ser?
Tão indiferente...
Que ainda perco meu tempo,
Jogo fora meu talento.
Dedico-te meus versos...
Justo pra você?
Que não é nada!
O nada que ainda me ocupa espaço...


Bárbara Romanelli

domingo, 2 de março de 2008

Meu Novo Desejo



Meu Novo Desejo


Esse não será meu poema mais belo.
Talvez o mais impetuoso de todos.
O menos ensaiado.
Com você não houve ontem.
Ainda não houve nada.
Você, meu acaso mais suplicado.
Alguém que me tirasse aquela dor.
Pedido atendido.
Meu novo desejo.
Cinco segundos.
Não mais que isso.
Somente nossas mãos se tocaram.
Mas pude sentir seu corpo inteiro.
Uma troca de energias.
Seus olhos refletidos nos meus.
Fixos, profundos.
Como eu esperava que fossem.
E aqueles cinco segundos foram infinitos.
E nada mais importava.
E não havia mais nada.
Nem uma palavra foi dita.
Naquele instante tive a certeza que te queria.
Tão quanto você me quer.


Bárbara Romanelli

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Guardião

Já faz um tempinho que escrevi "O Guardião". Nesse tempo que se passou, muita coisa aconteceu. Muita coisa mudou. Hoje meus desejos e anseios são outros. Vi que meu "guardião" não tinha asas como esse da foto. Na verdade ele passa beeeem longe de qualquer semelhança com um anjo. Rsrsrs! Mas acho esse texto bonito, então decidi postá-lo para vocês. Espero que seu guardião realmente zele por você!





O Guardião

Nossas promessas viraram orvalho,
Perdidas entre a noite e o amanhecer.
Fez em pedaços esse amor ainda inteiro, intenso.
Imagem prisioneira da paixão
Embargada em minha garganta
Escondida em meu medo
E reclusa nesse minuto infinito.
Alcei vôos distantes e altivos...
Busquei amores vãos,
Paixões aflitas e vazias...
Ardores levianos e fugazes.
Acreditei em heróis que não sabiam voar.
Queimei em incêndios frios...
Liberta minha alma!
Aprisionada em meus próprios erros.
Deixe minhas mentiras leves como o vento...
Traz a chave que abre o baú do tempo,
E zela por nós.
Outra vez...


Bárbara Romanelli

Liberte-se do Passado




Liberte-se do passado.
Deixe-o partir.
Cresça.
Esqueça o orgulho.
Não se pode vencer sempre.
Não lute consigo mesmo.
Se permita ser frágil.
Todo mundo é em algum momento.
Liberte-se das amarras.
E de seus fantasmas.
Não busque justificativas.
Às vezes não há motivos, nem razões.
Não se culpe por não ser forte o bastante agora.
Em pouco tempo você vai ser.
Mergulhe em você.
O mais fundo que puder.
Veja o que você não quer enxergar.
Aceite verdades inegáveis.
Não tente se enganar.
Tenha força para lutar.
Tenha mais força para desistir.
Desista de tudo que for nada.
Esqueça os conselhos.
Não se esqueça de você.
Sinta a dor.
Deixe-a te rasgar.
Só assim ela irá partir.
Lave mágoas com lágrimas.
Esqueça lutas perdidas.
Prepare-se para novas batalhas.
Muitas ainda estão por vir.
Vença seus medos.
Não há coragem se não houver medo.
Encontre o que você procura.
Mas antes, descubra o que você procura.
Tenha paciência com o tempo.
Mesmo que ele demore a passar...
Viaje sempre que puder.
Permita-se novas experiências.
Viva aquele momento.
Mas não reviva lembranças.
Isso só vai te fazer sofrer.
Respire a liberdade.
Sinta a vida.
Dê valor a ela.
Deixe o vento te levar...
Deixe que a vida te leve...
E esteja sempre preparado.
O amanhã chegará a qualquer momento.
E todo o seu presente será apenas parte do seu passado.
Bárbara Romanelli