quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Meu Grande Pequeno

Então tudo isso não passou de uma grande mentira. Foi tudo uma grande encenação. O coração, os ossos, as vísceras, a pele e até o amor e, agora o ódio que te dei, foi tudo em vão? Todas aquelas palavras, embrulhadas em lascívia, em amor, em espinho e em dor, eram só palavras? E o que não foi dito, o que nunca foi pronunciado? Seus olhos também mentiram todo esse pouco e intenso tempo? E agora o que eu faço com esse sentimento que eu não sei o nome? Jogo fora, reciclo, dou para os pobres, dou para outro? Ou guardo em uma caixa e coloco no fundo do armário ou debaixo da cama, como fazemos com aquelas coisas que não nos servem para nada, mas ainda assim não temos coragem de jogar fora. E os nossos pequenos planos, as férias, o armário na cozinha, o filme que eu não assisti? E agora quem vai bagunçar toda a casa, ou ligar a televisão quando eu quiser ler? Quem vai atrapalhar os meus planos diários de dormir antes das duas da manhã? Me diz o que eu vou fazer com esses vinis dos Beatles que não tem serventia nenhuma para mim além de te fazer feliz? Devo colocá-los também embaixo da cama? Enfim é chegada a hora de admitir que nunca e sempre foi só o que foi. Já não posso mais doar amor para apenas um, terei agora - a contra gosto – que entregar a razão a todos, todos os que me diziam que isso não passava de ilusão e que no fim eu sairia machucada. Terei que sucumbir ao engano e, pior: terei a árdua tarefa de convencer esse coração ingênuo e teimoso de que eles afinal sempre estiveram certos. E quando finalmente ele se convencer, ou apenas cansar-se de controverter, terei que dar colo ao meu pequeno, afagá-lo em meio ao seu pranto e mais uma vez convencê-lo de que a culpa não é dele, e que isso tudo logo vai passar. E agora meu pequeno coração me olha com temor, perguntando em silêncio se eu deixei de acreditar. No amor? Não se preocupe meu pequeno, no amor eu acredito.