domingo, 27 de dezembro de 2009

2010! E continua a busca pela felicidade plena...

2010!E continua a busca pela felidade plena...


Natal, ano novo... São apenas datas comemorativas estipuladas com interesses comercias. Mas quem idealizou essa maneira de “fatiar” o tempo, de dividir a nossa breve existência terrena em etapas, de nos permitir encerrar ciclos desgastados e começar de novo como se fosse o início, teve uma idéia realmente genial. Podemos nos permitir renovar a esperança que já estava consumida... É o momento de nos abrimos para nós mesmos, absorvidos por esse espírito de renovação. É a oportunidade de fazer uma auto-avaliação e pesar o que temos feito por nós e pelo mundo em que vivemos. É a chance de rever princípios, reconhecer erros, enterrar alguns pecados, superar alguns fracassos e recomeçar (sem nos esquecermos das lições que aprendemos nos caminhos já trilhados...). Podemos nos reinventar, transmutar... Diferentes, multifacetados, mas ainda assim, nós mesmos. Devemos também agradecer as conquistas, comemorar os objetivos alcançados, sentir saudades do tempo bom que passou... Sem nos fecharmos para o tempo ainda melhor que está por vir. Vamos aprender a nos perdoar, perdoar os que nos feriram. Perdoar não significa esquecer. Significa entender. Entender que nossa natureza é falha e que somos todos diferentes. E que são justamente essas diferenças que fazem com que as relações sejam tão intrigantes e surpreendentes. Vamos parar de negar nossas sombras. Todos nós as temos, e é preciso aceitá-las para viver plenamente a nossa luz. 2009 foi um ano cheio de alegrias, vitórias e transformações. Mas também de batalhas, desilusões e perdas. 2010 também será um emaranhado de tudo isso que já conhecemos, mas com um sabor singular de incógnito, de desconhecido. É como viajar para o mesmo lugar todos os anos, mas sempre por caminhos diferentes. Nós vamos arriscar, vamos hesitar, vamos nos precipitar. Vão nos magoar e vamos magoar os outros (ainda que sem querer). Vamos esquecer do que passou, vamos nos lembrar de quem já passou. Vamos resgatar algumas pessoas, vamos dar adeus a outras. Vamos ver a vida transformar paixão em amizade, amor em saudade... Vamos perder oportunidades, vamos nos dar mais uma chance. Vamos decidir tentar, vamos ter coragem de mudar, ou vamos nos acovardar e permanecer onde não queremos estar. Vamos adiar reencontros até chegar a hora certa, vamos falar na hora errada. Vamos desejar que o tempo pare e que o tempo passe... É isso. Não podemos controlar o tempo, sentimentos, momentos, pensamentos... Por mais que alguns pensem que podem. Inocentes esses que não percebem a sutil diferença entre controlar e evitar. Você tem a opção de fugir e assim não enfrentar. Não vai se machucar tanto, nem sorrir tanto, nem viver tanto... É uma questão de escolha. É preciso ter consciência dessa realidade e agradecer por ser assim. Afinal se pudéssemos determinar os fatos, se tudo acontecesse exatamente como planejamos, se adivinhássemos o que se passa no desconhecido universo alheio, se entendêssemos plenamente nossa própria profundeza, se fossemos donos do tempo e da razão, a vida teria o sombrio encanto de nascermos já sabendo o dia em que iríamos partir. E nessa complexa e irônica matemática da vida, onde a cada dia a mais que vivemos, subtraímos um dos que ainda nos restam para viver, eu percebo o quanto tudo passa rápido demais para perdermos tempo nos culpando, resguardando, remoendo... A cada dia que subtraio dos que ainda me restam, tenho mais convicção de que a vida é muito mais do que podemos compreender e até mesmo imaginar, que tudo e todos são entrelaçados e que não podemos nos fechar para as necessidades dos outros seres (não apenas os humanos). Que todos temos uma missão que não pode ser ignorada a ponto de não nos compadecermos e dedicarmos ao menos uma parte de nossa energia para aqueles que muitas vezes não têm sequer forças para continuar, minados pela falta de dignidade e esperança, mas que nem por isso deixam de ser indivíduos dotados de alma, exatamente como nós. Não podemos ser austeros ao ponto de não darmos voz aqueles que não podem sequer falar para se defenderem. Refiro-me aos outros animais, que vivem subordinados a piedade (e tantas vezes a crueldade) humana. E devemos fazer isso sem visar satisfação pessoal, libertação espiritual, ou qualquer outra coisa do tipo. A vida é curta demais para não lutarmos por nossos sonhos, mas com consciência, afinal nossos desejos podem se tornar realidade. E em meio a tantos sonhos, conjecturas, incertezas e expectativas, pergunto-me sempre qual é a chave da realização plena, da felicidade incondicional... Posso estar errada, já que não existem certezas nem tão pouco verdades absolutas, mas acredito que o segredo está justamente na busca...
Bárbara Romanelli

Oceano

Fiquei um bom tempo sem publicar nada aqui... Abondonei um compromisso que fiz comigo mesma... Mas agora reafirmei esse compromisso e voltei. Peço desculpas aos que acompanhavam o blog por ter simplesmente desaparecido... Mas eu precisava me retirar para me reinventar...


OCEANO

Sou oceano, que recebe todos os rios e torrentes e ainda assim mantenho-me sereno, inabalável... Entretanto, divido contigo contra meu gosto, um segredo: também sou mar... Observa minhas ondas revoltas, emoção que dura o tempo de uma explosão... Permito-me por um segundo... Ah! Como eu queria ser simplesmente gente, pisar na areia, sentir pulsar o coração... Ter apenas lágrimas no lugar de ondas, que embora grandioso oceano não consigo controlar... Que desordenadas me levam ao rebento ainda que momentaneamente... E na controvérsia de minhas regras, entre o verso e o reverso de quem quero ser e quem realmente sou, no enigma complexo de tudo aquilo que há em mim, em minha incansável busca pela perfeição, nesse duelo que me leva a exaustão... Em meio aos meus segredos, conflitos e devaneios... Súbito desapareço, silencioso, resignado, mergulho mais uma vez profundo, refúgio do mar... Eu, novamente oceano frio e escuro... Indecifrável... Indefinível... Outra vez solitário porem novamente seguro.

Bárbara Romanelli