sexta-feira, 7 de março de 2008

Pé na Estrada


Pé na Estrada


Malas prontas e pé na estrada. Na bagagem uma muda de blusinhas e uma muda de arrependimentos. Roupas íntimas e meus segredos mais íntimos. Maquiagem para disfarçar minhas olheiras, e alguns sorrisos falsos para disfarçar minhas tristezas. Poucos vestidos e poucos medos. Nenhuma roupa de frio, sempre cálida, mesmo quando não quero ser. Minha passagem tinha horário de partida e de chegada, mas eu nem sabia se realmente queria partir e tão pouco onde iria chegar. Impresso no cartão de embarque constava à cidade de destino. Destino? Quem me dera saber o meu. Ainda não sei. Sempre atirada à sorte... Viajei para longe... Muito longe... Tão perto. De que adiantou tantos quilômetros, se eu fiquei lá. Meu coração perdeu aquele avião. Mas embarcou no horário seguinte e finalmente se juntou ao restante de mim. Sim, o resto de mim. Só ele já é mais do que realmente sou. E todo o resto é apenas resto. Tive medo que ele se recusasse a me acompanhar. Mas meu coração sabe que tenho razão, e que todas as vezes que fujo de mim, que fujo dele, é sempre para o nosso bem. Foi indescritível vê-lo chegando vagarosamente, sorrateiro... Mas eu já sabia que ele havia chegado, e que iria ficar. Agora já posso voltar. Já não preciso fugir de mim. Fugir de nada. Agora qualquer lugar é lugar. Porque estou inteira novamente. Livre!

Bárbara Romanelli

terça-feira, 4 de março de 2008

Meu Nada



Meu Nada


Esqueci-me de teu sabor.
De seu perfume não me recordo.
Não mais o amo.
Nem tão pouco o odeio.
Simplesmente nem o sinto.
Raramente lembro de ti.
São lembranças rápidas
Que passam em fuga.
Não me importa saber onde está.
Prefiro nem saber com quem.
Mas quero que saiba que você passou.
Que não penso mais em você ao me deitar.
Que não sinto sua falta.
Ora, ora!
Quão pueril ainda posso ser?
Tão indiferente...
Que ainda perco meu tempo,
Jogo fora meu talento.
Dedico-te meus versos...
Justo pra você?
Que não é nada!
O nada que ainda me ocupa espaço...


Bárbara Romanelli

domingo, 2 de março de 2008

Meu Novo Desejo



Meu Novo Desejo


Esse não será meu poema mais belo.
Talvez o mais impetuoso de todos.
O menos ensaiado.
Com você não houve ontem.
Ainda não houve nada.
Você, meu acaso mais suplicado.
Alguém que me tirasse aquela dor.
Pedido atendido.
Meu novo desejo.
Cinco segundos.
Não mais que isso.
Somente nossas mãos se tocaram.
Mas pude sentir seu corpo inteiro.
Uma troca de energias.
Seus olhos refletidos nos meus.
Fixos, profundos.
Como eu esperava que fossem.
E aqueles cinco segundos foram infinitos.
E nada mais importava.
E não havia mais nada.
Nem uma palavra foi dita.
Naquele instante tive a certeza que te queria.
Tão quanto você me quer.


Bárbara Romanelli